sábado, 2 de agosto de 2014

Carta Para Minha Amada

Querida...

Uma vez, quando peguei emprestado do meu irmão o livro O Vencedor Está Só, de Paulo Coelho, vi algo em suas páginas que me tocou de alguma forma. Um diálogo no qual o protagonista, Igor Dalev, pergunta a uma vendedora de rua qual o sentido da vida, ela responde (o que, obviamente, sempre será minha resposta): Amar.
O que estou tentando dizer é que não importa o quanto eu me desligue, o quanto eu pare de amar ou o quanto eu finja que estou pouco me fudendo pras coisas ao meu redor, se eu deixar meu coração voltar a amar não será outra pessoa que ele procurará senão você.
Todavia, se você está lendo isso é porque realmente tive coragem de postar. Se eu pudesse explicar o que é o amor, usaria todo o meu talendo para isso, para você. Mas de algum jeito é impossível, e mais ainda quando se trata do meu amor por você. Várias coisas - como sua personalidade, suas atitudes, suas brincadeiras, seu jeito carinhoso, suas palavras, seu corpo, seu rosto, seu sorriso, sua juventude extrema, sua ternura, suas loucuras - contribuíram para ele nascer e crescer dentro do meu coração. Surgiu de repente, como um raio, que foi de encontro comigo sem eu saber de onde veio ou quem mandou, mas estava ali e no momento que conseguiu me infectar, mudou e transformou, as coisas nunca mais foram as mesmas; e eu entendo que é disso que você tem medo e prefere apenas a amizade, porque se não der certo nem esta existirá mais.
Isto está sendo a coisa mais difícil que tive de escrever. Não é simples de dizer, mas o farei:
Conheci alguém, foi por acaso. Não era minha intenção nem estava nos meus planos. Uma tempestade perfeita! Eu disse uma coisa, ela disse outra. E tudo foi ficando mais afetivo, o tempo passou e eu soube que queria passar o resto da minha vida naquela conversa. Agora tenho essa sensação em meu peito, pode ser ela. Ela é completamente louca de um modo que me faz sorrir. Altamente neurótica. Um tanto exigente. Ela é você, Cappuccino. Essa é a boa notícia.
A má é que não sei como vou ficar com você agora. Isso me deixa apavorado, porque se eu não te tiver a partir desse momento, sinto que vamos nos perder por aí; é um mundo grande, maligno e cheio de reviravoltas, as pessoas piscam e deixam o momento passar, o momento que poderia ter mudado tudo. Não sei o que há entre nós e também não sei dizer porque você deveria se arriscar por mim. Mas você é perfeita, sorri como se fosse sempre a primeira vez, há instantes que me faz sentir como um garotinho ingênuo... Isso já é um começo, certo?
Pela primeira vez a dizer com as palavras claras e corretas: Eu te amo.

Do seu fiel admirador, Dante.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Fantasma; por Dante Camparo


Quem és tu?
Minha alma inanimada
De corpo febril e azul
Óh!, matéria desgarrada


 Anjo, demônio, espírito

Nas cavernas habita solitária
Longe de atalhos, habilito
A pequena estrofe mortuária

Sob céu risonho e límpido
O grito se respalda
Não há líquido mais insípido
Que o sangue manchando a grinalda

As torres derradeiras
Do amanhã choroso
Lembram-me as poeiras
E os olhares maliciosos

Os quais incendeiam o céu
Tornando-o preto fosco
Desadoçando o mel
Que respinga no muro tosco

Os níveis de contenção
Alimentam cada vez mais a cede de liberdade
Corroem o coração
Que chora de saudade

Menina dos olhos escuros
Não me culpe desta maneira
Você cedeu aos impuros
E para mim tornou-se estrangeira

Mas daqui sois
Patrona irremediável
Tens prazer a dois
És beldade adorável

Nas crateras do pavor
Possui o ódio que mereces
Do mesmo jeito que o calor
Teus seios intumesce

Então vai-te por aí
Nos ares do mestre mundo
Ele te ensinará como sumir
Te mostrará, do poço, o fundo

Terá o homem que queres
Para a eternidade no Sheol
Lá és amiga das mulheres
Lá tens teu próprio hall

Pois és criatura abissal
Que me condena e me seduz
Que me faz bem e mal
Que me guia, mas não conduz

Hesito em beijar-te novamente
O desejo é o índice da submissão
Cerro de vez meus dentes
Submeto tristeza ao meu coração

 O único erro é pensar que eu poderia
Perdoar-te um dia
Estando preso a sua mania
Contido em seus braços quando não podes ser mia



domingo, 1 de junho de 2014

Mais Um Dia; por Dante Camparo

Bryan Cranston - Walter White/Heisenberg\Breaking Bad

O que você faria?
Com quem estaria?
O que diria?
Se a vida te desse apenas mais um dia...


Será que aguentaria?
Viver mais um pouco
Será que suportaria?
Ou ficaria louco?

Tudo o que você fez
Fica marcado na vida
Cada pessoa tem sua vez
De consertar uma falha esquecida
 
Voltar ao passado
E assistir a tudo
Sozinho em ambos os lados
Com o destino desnudo

Mudar o que quisesse
Fazer de novo
Tentar recuperar o que desse
Criar um rumo novo
 
Viver o tempo perdido
Rever pessoas importantes
Saber que um dia, tudo aquilo havia sido
Tudo que ele queria nesses instantes

A vida passou tão rápida
Que não houve tempo para discursos
Com alma tão ávida
E cérebro tão avulso

As pessoas foram se afastando
E o tempo começou a ser angustiante
E mesmo a toda hora tentando
Só conseguia ser mais irritante

As paredes iam se fechando
E o mundo diminuindo
Ele queria continuar caminhando
Continuar conseguindo

Mas terminou arfando
E jazeu dormindo

sábado, 24 de maio de 2014

Anjélia - Canto II; por Dante Camparo


A Querubim e Eu
 
 
Gostaria de ter tido mais tempo com você
apesar dos cortes e navalhadas
Me ensinaste o dever
de mãos atadas

Sei que não foi sua culpa
Eram apenas ordens
Amor a gente não desculpa
Tal cupido e tal totens

Seu coração transbordava de pureza
pude notar sua inocência
Apesar de sua dureza
nada camufla a essência

Seu toque de éter
seu beijo de fogo
As vezes requer
disputa e jogo

Sempre soube
que anjos eram vingativo
Por favor, não roube
ou ignore meus esquivos

A medida que o caminho me espeta
prova-se minha mortalidade
Nada mais resta a esse poeta
que sua habilidade
 
Na escrita
ou no canto
Tudo irrita
o encanto
 
De ser apenas mais um
nos reinos da Terra
Enquanto prum
lagarto sou o ser que mais erra

Oh Ameliel, onde você está?
agora que minha visão escureceu
Me estenda sua mão e me jogue no ar
não me deixe virar ateu

Não me deixe perder a fé
não me deixe desacreditar
Todos poderão fazer isso até
Minha vida acabar

Arcanjos, Querubins, Ishins e Deus
podem desacreditar de mim
Todos eles são seus
mas nenhum será assim

Comigo, se me abandonar
desejo provar que sou digno
Dos portões e do lar
Paraíso, insígnio

Se não vai me ajudar
então não quero mais seu amor
Minha visão voltará
Junto com toda a sua dor

Minha espada nunca largarei
meu escudo sempre empunharei
Do começo estarei
até o fim chegarei

terça-feira, 20 de maio de 2014

Extra Oficial: Um Sonho

       Eu tenho uma meta de postar conteúdo de sete em sete dias, mas isso que me aconteceu hoje não pude deixar para lá e esquecê-lo e, como um homem de mente velha, eu preciso escrever todas as coisas que acontecem ao meu redor para não esquecer com o tempo. Hoje era dia de prova e eu tive que ficar estudando durante toda a madrugada (sim, eu não sou normal), houve uma hora em que eu me cansei e vi que não adiantava prosseguir, meu cérebro já estava entrando em estado de suspenção e se eu continuasse, muito provavelmente, não absorveria mais nada dos livros. Então decidi me deitar, pus o cobertor sobre mim e fechei os olhos. Até aí estava indo tudo bem, normal, as mil maravilhas; porém eu havia cometido um pequeno, mas gratificante erro, naveguei pelo Youtube no canal do Gustavo Horn e encontrei um vídeo altamente interessante intitulado de O Que É Que Te Inspira? É um vídeo ótimo, claro, como todos os outro que o Gus faz, só que desta vez ele conseguiu se superar e tocou no fundo mais profundo de minha mente, a famosa e mais obscura Senhora Inspiração. Uma das coisas mais frequentes e grudentas na minha vida, como escritor e dramaturgo, eu desconsidero-a em alguns momentos e acolho-a em outros. Não se espante, contradição é a palavra de ordem na minha vida.
        Bom, voltando ao verdadeiro objetivo deste texto. Não é um assunto que mereça ser refletido e muito menos de cunho filosófico, mas mesmo assim eu ainda o relatarei. Durante meu querido e tão esperado sono eu sonhei, e foi um sonho diferente, o primeiro sonho lúcido da minha vida. Quando eu me virava para a esquerda, imagens fora de ordem e memoráveis do vídeo vinham na minha mente e me impressionavam, de vez em quando o choque era tão forte de eu abria os olhos meio assustado e me virava de lado, e quando virava vinha outros tipos de imagens, algo efêmero e turvo que atiça minha imaginação narrativa e gerava ideias para contos que não possuíam pé nem cabeça. E agora enquanto acordado só me restaram as perguntas do que foi realmente aquilo. Influência do vídeo do Gus? Minha mente me pregando uma peça? Algo externo divino ou sobrenatural? Alienígenas? Pesadelos? Sandman, Morpheus, Phobetor ou Phantasos? Minha inspiração devassa? Vai saber...!
          O importante é que ainda estou são, e como uma pessoa melancolicamente apaixonada, ainda sou um Poeta.


Paul Wesley - Stefan Salvatore/The Vampire Diaries
 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Companheiro Eterno; por Dante Camparo



Leonardo DiCaprio - Dom Cobb/A Origem

Por que me assombras?
Quando vago pelas sombras...
Por que me atormenta?
Quando fujo da tormenta...
 
E me fitam os olhos de escárnio
Com boca risonha a desdenhar
Não são os ouvidos que me assustam
Mas sim o que estão a escutar

Sei que não existe 
E na inexistência não me deixa
Completamente triste 
As vezes até se queixa

- Por que os outros não me veem?
A resposta eu não sei
- Faça com que anseiem!
E eu jamais te esquecerei

Todos se vão
Sejam por um dia ou um mês
Será que voltarão?
Essa é a pergunta da vez
 
Eu choro sem parar
E assisto as lágrimas caírem
Ouço-as gritar para o ar
Deixo sentirem

Que o tempo é mestre de tudo
Ele é quem há de responder
Enigmático agudo
Em pleno florescer

A claridade no florão
Me espanta até as unhas
Me lembra o brasão
De muitas alcunhas

E aquele clima do crepúsculo
Arrepia-me as veias
Tão libertino e sem escrúpulo
Me incendeias

Minha carne borbulhando
Como água fervente
A ti pego olhando
Em estado temente

Só aí descubro
Que sempre me invejaste
Desgraçosa esquizofrenia que encubro
Tamanha doença que me molestaste

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Poeta dos Porões; por Dante Camparo

Joseph Fiennes - William Shakespeare/Shakespeare Apaixonado
 
 
Emergido em solidão
Rodeado por querida companhia
Singular em emoção
Único em poesia
 
E não tais palavras bastam
Para eu lhe dar
Se a todos minutos que se arrastam
Estou a me supera
r
 
Ameaçado pela sociedade
Acuado pela política
Enlouquecido de excentricidade
Atormentado pela física
 
Com pena nas mãos
E papiros em mesa
Escreve em borrão
Com profunda destreza
 
O que vem a cabeça
Martela lhe os pensamentos
Retira-lhe da defesa
E lhe propõe numerosos intentos
 
Talvez não seja
Aquilo que bem lhe fará
Mas é o que deseja
E assim ele escreverá
 
 Sob a luz de velas
A ponta toca a superfície
As tintas realçam-se belas
A memorável crendice
 
Os mais formosos versos nascem
E se tornam a realidade do poeta
Tudo lhes impede que fracassem
Principalmente a arte que os interpreta
 
Separado de todo o resto
No porão desenvolve seus textos
Comigo mesmo contesto
Em vários contextos


Recolhido aos confins de sua mente
Almejando alguém que o entenda
Sempre seguindo em frente
Criando as próprias contendas

Introvertido
Sarcástico
Abatido
Estático

E as linhas correm soltas
Sem limites para parar
Incrivelmente afoitas
Com as obras a contemplar
 
Peças, livros, poesias
Poemas, músicas e sonetos
Filosofia e melodia
Em cada tom de cinzas e pretos
 
E um dia haverá de ser
Aquele que conseguiu o mundo mudar
Tendo muito poucos a temer
E milhões a confiar.