domingo, 28 de junho de 2015

Tragédia; por Dante Camparo

Julian Casablancas (The Strokes) - Heart In A Cage
 
Alguns dias são tão poucos
Para tudo que tento fazer
Há tanto tempo vivo com loucos
Que até um já aprendi a ser
E em meio a tantos sufocos
Minha libação é apenas viver
 
Eu imagino ruas de grama
E casas construídas com fermento
Eu imagino uma mulher que me ama
Sem restar-lhe um pingo de sofrimento
Mas eu estou mergulhado em lama
E tudo que sobrou dela foi o tormento
 
Algumas horas são mais fáceis de suportar
Quando estou preso nas paredes modernas
Riscando minhas cicatrizes ao exaltar
Os rabiscos de uma vida eterna
E uma granada de vidro detonará
Quando para fora uma emoção hiberna
 
Quantos amigos já deixei para trás?
Quantos deles riram de mim?
Em coração sem dono não há paz
Em cabeça de condenado só há fim
Serei eu, um homem capaz
Ou, apenas, mais um aluno ruim?
 
Todos aqueles que eu fingi amar
Estar completamente abandonado
Respeitar, sorrir e desconfiar
Fui um animal vil e amargurado
Correr e não respirar
É estar num julgamento, sem ser perdoado


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Declínio e ascensão; por Dante Camparo


 

Uma vez um pesadelo magistral
Uma vez a origem do mal
Uma vez um dragão sem controle
Uma vez uma ação que me anule

Televisores sonham com o amanhã
Mas profetizam a mentira do ontem
Se progredirmos sem uma mente sã
É melhor aceitar que todos mentem

Mas poderíamos dizer que outrora
Vivíamos em tempos de paz
Que infelizmente, deixados para trás
Em uma explosão de última hora

Somos os filhos do nascer do Sol,
Somos os guerreiros de outro prol
Nas colinas da foz e da nascente
O peregrino encontra seu consciente

Pois derradeiro é o caminho do astro
O único caminho que ele conhece
E servindo como guia e clássico mastro
Ele nasce, subsiste, mas não envelhece

E quando todos os sonhos são feitos de esperança
E a única matéria que sobra é a anarquia
Nós nos vemos em antigo bom dia
Onde a alma humana vence e descansa

 
 

2015, prometa ser gentil!

   Aqui estou, em mais um ano de vida, uma ano de lástima, um ano de amor, um ano de derrota, um ano de glória. Consegui sobreviver ao passado e comecei este com uma certa certeza de felicidade que tornou-se um relevante realidade de tristeza. Passei tempos sem postar, sem escrever, sem produzir, até que encontrei a pintura, os pincéis, as tintas, os papéis e as telas, e então eu depositei toda a raiva e insatisfação neles, no melhor estilo Lisboa punk-emo-gótico de ser, posso dizer que ficou ótimo, mas esta revolta desencadeou mais fatores que me deixaram uma pessoa descrente, séria e reprovadora. Neste ano, haverá algo mais flexível aqui, diferente, chega de fórmulas, padrões e ações desenfreadas. Este ano será um ano de contradições e acertos.
   É bom estar aqui novamente!
   Sou bem-vindo em minha velha casa.


                                                                         José Lisboa - Dante Camparo