terça-feira, 29 de julho de 2014

Fantasma; por Dante Camparo


Quem és tu?
Minha alma inanimada
De corpo febril e azul
Óh!, matéria desgarrada


 Anjo, demônio, espírito

Nas cavernas habita solitária
Longe de atalhos, habilito
A pequena estrofe mortuária

Sob céu risonho e límpido
O grito se respalda
Não há líquido mais insípido
Que o sangue manchando a grinalda

As torres derradeiras
Do amanhã choroso
Lembram-me as poeiras
E os olhares maliciosos

Os quais incendeiam o céu
Tornando-o preto fosco
Desadoçando o mel
Que respinga no muro tosco

Os níveis de contenção
Alimentam cada vez mais a cede de liberdade
Corroem o coração
Que chora de saudade

Menina dos olhos escuros
Não me culpe desta maneira
Você cedeu aos impuros
E para mim tornou-se estrangeira

Mas daqui sois
Patrona irremediável
Tens prazer a dois
És beldade adorável

Nas crateras do pavor
Possui o ódio que mereces
Do mesmo jeito que o calor
Teus seios intumesce

Então vai-te por aí
Nos ares do mestre mundo
Ele te ensinará como sumir
Te mostrará, do poço, o fundo

Terá o homem que queres
Para a eternidade no Sheol
Lá és amiga das mulheres
Lá tens teu próprio hall

Pois és criatura abissal
Que me condena e me seduz
Que me faz bem e mal
Que me guia, mas não conduz

Hesito em beijar-te novamente
O desejo é o índice da submissão
Cerro de vez meus dentes
Submeto tristeza ao meu coração

 O único erro é pensar que eu poderia
Perdoar-te um dia
Estando preso a sua mania
Contido em seus braços quando não podes ser mia



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