sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Padroeiro da Negação; por Dante Camparo

 
 
Quando vale a pena morrer?
Pelo que vale a pena lutar?
Qual lado deve prevalecer?
Qual emoção deverá se ocultar?
 
Ficaste, tu, próximo demais do fogo
Semelhante a um infante mentiroso
Buscando algum perdão nas regras do jogo
Fugindo no deserto tenebroso
 
É a vida imitando a mim
Ou é a raiva imitando a vida?
Anuncia-se o amor pelo fim
Vive no subúrbio a geração descrida

Nascido em democracia, cresci no inferno
Outra criança vendada, apenas outra cria
O último a nascer, o primeiro a fugir do inverno
Minha cidade faliu pelo petróleo de refinaria
 
Apenas um adolescente assassinando por diversão
Recém chegado ao clube, com as mãos sujas
O residente líder de uma colossal nação
Os perdidos e achados nos olhos de mil corujas
 
Sangue nos dedos e um pacote de dopagem
Um filho da puta com o Gregório de Matos
O rejeitado pelos rejeitados, fina coragem
Antes dos argumentos, virão sempre os fatos
 
O sol arde em fúria jamais tão cedo
Nós somos os idiotas nunca perdoados
Produtos genéticos da guerra e do medo
Pelos quais todos nós fomos vitimados
 
Uma salva de tiros aos heróis da alvorada
Quantas batalhas serão necessárias?
Uma salva de palmas aos artistas da madrugada
Quantas comédias nunca serão hilárias?
 
Até que coloquem um plaqueta de identificação
No pescoço do homem que saiu e voltou para seu lar
Muitas vidas serão perdidas em trincheiras, em vão
E muitos herdeiros crescerão órfãos, sem um dia sonhar

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