quarta-feira, 1 de julho de 2015

Anomalia de Maré; por J. F. Lisboa


 
Meus gritos estão estridentes
Misturados com profundos resfôlegos
Eles escapam pelos meus trincados dentes
E soam como ardentes suspiros sôfregos
 
Meu espírito está desgovernado
Minha cabeça vive perturbada
Entrei em um trem descarrilhado
Infiltrado no inferno, perdi a parada
 
Apostei minha vida em você
Tudo que toco torna-se ouro
Onde meus demônios irão se esconder?
Em minhas veias só há agouro
 
Assim como a minha família esquecida
Dez anos se vão tão depressa
Eu estou retornando a minha casa perdida
O bom filho ao lar regressa
 
Aqui é onde meu coração sempre esteve
E, apesar, de ter agido como um carrasco
Ele foi o único que me manteve
Quando todos sentiam asco
 
Nada aproveitei de minha vida
Acreditando em contos de fada
Por mais longa que seja a ida
Breve é a volta, mas conturbada.

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